quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O efeito da guerra

Meu querido menino adormecia calmamente em meus braços sujos de poeira e sangue. Tinha a respiração um tanto pesada, o ar por aqui estava... digamos, em péssimas condições. Enquanto que ele dormia calma e tranquilamente como se de fato nada disso estivesse acontecendo, eu estava alarmada, prestando atenção em cada sentido meu: olfato, visão, tato, audição e até mesmo o paladar; ah, claro, e no sexto sentido que todos deveriam passar a considerar mais importante: intuição. Em tempos caóticos como este, ela tornava-se nossa melhor amiga. Parte de minha misteriosa - porém eficaz - intuição dizia-me para ficar, a outra dizia que deveria sair. "Se ficar o bicho come, de correr o bicho pega". Fecho os olhos por um breve instante, tentando me acalmar. Como? Como achar tranquilidade no meio de uma guerra? Ela provavelmente estava soterrada junto de dezenas de centenas de inocentes. Dentre eles, meu marido. Abri os olhos e uma lágrimas escorreu por meu rosto sujo, deixando um fino rastro molhado e um tanto mais limpo que antes. Olhei para meu menino novamente. Seis anos de idade. Seis. Não vivera praticamente nada! E duvido que tampouco irá. Deveria ter ao menos um pouco de esperança, mas como ter esperança quando praticamente tudo que você amava perdeu-se em meio a pedaços de concreto? "Seu filho", uma voz sussurrava em minha mente toda vez que cogitava em desistir. Talvez a única coisa que ainda me deixava com vestígios de sanidade. Beijei os cabelos sujos de meu filho e apertei-o contra meu peito, abraçando-o.
  - Quando tudo isso acabar, escaparemos da Síria. Prometo. - Sussurrei com a garganta seca, gastando o último lote que tinha de esperança nessa palavras cheias de incertezas.
Então aconteceu.
Repentinamente, tudo ficou em câmera lenta. Ouvi um enorme estrondo, meu filho acordou assustado. O prédio tremeu e grossos e enormes pedaços de concreto começaram a cair. "Fuja", pensei. Tarde demais, antes que sequer tivesse tempo de levantar. Olhei para cima e um enorme pedaço de concreto caia sobre mim e meu filho. Protegi-o com meu corpo, então senti algo pesado e sólido esmagando-me. Senti uma dor horrível, todos meus ossos estavam se quebrando. Logo, minha respiração cessou. Tudo ficou preto, a única coisa de que me lembro é de meu filho chorando e gritando, clamando por ajuda.
Imagens de minha curta vida foram passando pela minha mente como em um filme, porém no modo acelerado: eu criança aprendendo a andar de bicicleta, minha boneca favorita se quebrando, abraçando meus pais, primeiro beijo, minha formação, meu casamento, tendo meu doce e belo filho, abraçando os dois homens que mais amava em toda a minha vida, levando meu filho para o primeiro dia de aula dele, notícias da guerra, a tentativa falha de escapar, a notícia de que o corpo de meu marido não fora encontrado, minha última promessa, o teto desabando sobre mim e meu filho e seus gritos de socorro.
Então tudo escureceu.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Para que...?

  Para que estudar... dar sempre o melhor de si?
  "Para que quando cresceres, ter um ótimo futuro profissional e conhecimento"
  Mas para que eu tenha um bom futuro profissional, terei de trabalhar muito, certo?
  "Certíssimo, nada irás conseguir se não lutares pelo o que queres"
  Okay, então terei um bom carro para ir até o emprego, uma grande casa para morar- da qual pouco irei desfrutar, pois passarei grande parte de meu tempo trabalhando e quando estiver em casa, ora estarei dormindo, ora assistindo TV. Então para que tudo isso?
  "Criança, tu não precisas do melhor carro ou da melhor casa. Podes levar uma vida simples e tranquila"
  Por ora, monótona!
  "Com o dinheiro que conseguires, que será o fruto de seus esforços, poderás viajar ao redor deste imenso mundo. Não precisa de coletar bens materiais, afinal, um dia, já não terão a mesma utilidade de antes e nada passarão de meros pedaços de lixo; mas poderás coletar experiências, conhecimento, e histórias inesquecíveis com o passar de sua vida"
  Mas, quando morrer, irei esquecer de tudo!
  "Jovem criança, não pense na morte desta maneira, será apenas um descanso eterno. E você tem apenas uma vida. Como preferes gastá-la: plantando nada e colhendo nada, ou plantando uma enorme e gloriosa árvore e colhendo seus belos e deliciosos frutos?"
  Diga-me, vovó, os frutos serão doces?
  "Caso você cuide bem de sua árvore, terão o gosto que você quiser"
  Certo. Obrigada, vovó, estou indo plantar minha árvore.
  "Espere, e como irás plantá-la?"
  Ora, me esforçando, como a senhora disse!

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Arrependimento

"A vida só é chata quando não se sabe aproveitá-la"
Eram as palavras de minha psicóloga. Eu revirava os olhos ao ouvi-la, mas logo as esquecia. Hoje não, elas simplesmente vieram a tona, impregnando-se em minha mente que, antes era vazia e com apenas um objetivo, hoje é cheia de ressentimentos por não ter sonhado e realizado mais. Me arrependo profundamente de ter feito aquilo. De ter me matado com apenas vinte anos de idade.
Depressão, era o que eu tinha.  Mas possuía família, incontáveis amigos, uma ótima vida. Mas sempre houve algo que me mandava dar um fim àquilo, como uma vozinha doce e inocente, porém com palavras sombrias dentro de minha cabeça: acabe com sua vida, mate-se, corte seus pulsos. Era muita pressão: pessoas para lidar, faculdade para lidar, trabalho para realizar, contas a pagar... uma vida inteira monótona e sem graça pela frente. Estava tudo tão complicado. Mas que merda. Haviam pessoas com condições muito piores que a minha e que estavam firmes e fortes. E eu pensando que a minha vida era a mais complicada. Que tolice a minha. Suicidar-me por pressões pelas quais quase todos passam. "A morte é mais fácil", eu pensava. Mas não é, não. Encontro-me em um lugar frio, com nuvens cinzas ao alto, mas um enorme vazio em baixo. Estou completamente vazia, apenas com meus arrependimentos, choros e murmúrios de minha família que se encontra em algum lugar por aí.
Eu não devia ter cometido esse ato, esse erro.
Agora penso que há bilhares de pessoas vivas, com suas vidas... E eu com meus arrependimentos. Morta.
Mas, acima de tudo, gostaria de perdoar-me com minha família e amigos. E de dizer com os amava, mas estava cega com meus insanos pensamentos suicidas e sem sentido.
Eu sinto muitíssimo.
Eu me arrependo profundamente de ter cometido suicídio.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

13 Reasons Why

13 Reasons Why - abreviado, 13RW, ou 13 porquês, em português - é uma série que, se você está ligado nas redes sociais, sabe que está fazendo muito sucesso e as pessoas estão gostando e aprovando. Assisti essa série e preciso dizer que ela é incrível, assim como os assuntos abordados nela e, principalmente, a mensagem que ela nos passa.


A séria gira em torno de Clay Jensen - Hamlet, ou Capacete - que recebe treze fitas misteriosas, e quando as toca, descobre que Hannah Baker, uma garota pela qual ele era apaixonado e, infelizmente cometeu suicídio, é a autora e gravadora das mesmas. Basicamente, em cada lado das fitas ela conta um motivo por ter se matado, e não são besteiras, são assuntos sérios, principalmente os últimos abordados. Não é questão de que "bullying é frescura", o que houve com ela não foi nada de frescura. As pessoas pisaram na bola com ela, inclusive Clay. Hannah sofreu muito, e não tinha ninguém para a ajudar, então optou por suicídio. Bem, voltando: Clay começa a ouvir as fitas, e fica bem tenso e mais triste ainda do que estava, pois começa a ouvir tudo pelo o que ela passou - o que, por acaso, não fora nada fácil.


 Hannah passou por situações horríveis, e que sem ajuda, poucos conseguiriam aguentar.
A mensagem que a série nos passa é realmente séria, e nos mostra o impacto que alguém pode causar na vida das pessoas ao seu redor caso escolha o suicídio. Creio que esse série ajudou e ajudará muitas pessoas a desistirem dessa triste escolha.
Suicídio não é uma opção. Se tem alguém ao seu redor que está agindo diferente do normal, que pareça estar desesperadamente precisando de ajuda mas recusa-se a falar, chegue perto dela, converse com ela, dê-a um ombro amigo para chorar e desabafar. E, principalmente, se você está observando bullying, não seja apenas o observador, denuncie, conte, impeça que continue acontecendo. Ah, e tome cuidado com as coisas que faz e fala para as pessoas, simples frases podem causar um enorme impacto na vida de uma pessoa.
Assistam essa série, ela nos passa grandes mensagens e lições, e deveremos as levar para nossa vida.
E se estiver em momentos ruins, tristes, se sentir que está sendo oprimido, não fique calado. Você, ao menos, deve ter uma pessoa com quem possa confiar e contar seus problemas, pedindo por ajuda. Depressão não é tristeza ou frescura, é uma doença resultante de um desiquilíbrio químico no cérebro. E se o caso for grave, não tenha vergonha em falar com seus responsáveis e procurar um psicólogo, não deixe para mais tarde.

A propósito, a segunda temporada foi confirmada para ano que vem, 2018, e falará sobre as consequências dos atos e das fitas. A série, também, acabou com algumas coisas para resolver, dúvidas que estão deixando os fãs bem curiosos.

Enfim, recomendo que assistam é série, é ótima, porém preparem o coração.


(mesmo sabendo que é impossível, shippamos muito)

domingo, 30 de abril de 2017

Operação Carne Fraca

Ultimamente todos estamos ouvindo muito esse papo da Carne Fraca, não é mesmo? Mas não são todos que entenderam o que está acontecendo. Para você que anda meio perdido, vamos a um resuminho só para "se achar" em meio a todas essas notícias.
Basicamente, estamos consumindo carne podre, estragada, fora da data de validade; o que é algo completamente absurdo, mas por que estão fazendo isso? Ora, por dinheiro. Pensem em quantos milhões de reais que as empresas frigoríficas não perdiam tendo de jogar fora toda aquela carne estragada? Bastante coisa. Dando o jeitinho brasileiro, deram um modo de não perder tudo isso enviando aos mercados a carne estragada. E como a gente não percebe? Bem, simplesmente colocaram ácidos para não sentirmos um mal cheiro e gosto de comida estragada, e água para deixar a carne mais pesada. "Ué, e os fiscais não viam isso?", hahaha. Claro que viam! Mas você acha mesmo que eles iam "notar" a carne "estragada" com um cheque ou mala cheia de dinheiro ao seu lado? Pois é, a corrupção está tão ruim neste país chamado Brasil que passou para empresas... de carne! 
E claro, para ferrar mais ainda com nossa vida, o Brasil exportava carne para vários países! Mas como foi descoberto toda essa operação (e faz um tempo que consumimos carne assim, viu?), obviamente, foi espalhado para esses países, que estão simplesmente cortando as exportações com nosso país. 
E ganhávamos muito dinheiro com essas exportações (admitamos, grande parte para nossos políticos. Brasil: o país liderado por bandidos), cortando as exportações, não ganhamos mais dinheiro.
Então creio que a crise vai ficar abraçadinha conosco por mais algum tempo.
Ah, claro, lembrando que não são todas as empresas que faziam isso ("só" 30, mais ou menos); e não, não vamos morrer com isso, no máximo iremos ter mal estar, dor de estômago.


E olha... nossos alimentos não estão em uma época boa, né? Pelo de rato na Coca-Cola, papelão (sim, também tem papelão no meio de toda aquela bagunça que colocavam na carne) em carne... Nuttela, Tá tudo bem aí?

terça-feira, 25 de abril de 2017

Por que eles nos dizem que não é real?

Hoje em dia nossa vida é tão chata e monótona, que sempre estamos a procura de meios para que nos faça fugir de nossa triste realidade. Acabamos nos refugiando em livros, séries, animês e mangás. Nos apegamos as histórias e personagens. Os fazemos parte de nossas vidas. Temos a enorme vontade de entrar naquela história e ficar lá. Pena que não é possível...
Nós, por mais que eles "não sejam reais", os amamos, porque nos dão lições que a vida não nos ensinaria, não nos deixam sozinhos, e nos alegram profundamente. Eles são nossos refúgios. Mas, infelizmente, sempre haverá pessoas que chegarão em sua frente e dirão: Eles não são reais.
Isso machuca, tenho de admitir.
Como podem nos dizer que nossos melhores amigos não são reais? Que são meras palavras digitadas em um papel, que são meros rostos desenhados, que são meros acontecimentos dentro de uma tela... E se não forem? E se... a partir do momentos que são criados, instantaneamente ganham vida em um Universo Paralelo? E se eles realmente existem? E se um dia podermos os visitar? É claro que temos de ser muito sonhadores para pensar em algo do gênero. Mas por que não?
E se eles realmente não forem reais, não é necessário nos ficar lembrando disto.

 Afinal, para nós, eles parecem mais reais do que nossas próprias vidas.

domingo, 19 de março de 2017

Guerra

  Guerra. O que vem a sua cabeça ao ouvir esse nome? Bem, há diferentes definições, mas hoje estarei falando daquela que pessoas morrem, lugares são destruídos. Quando a paz é invadida e inocentes morrem.
  Bem, hoje quem basicamente comando o mundo somos nós, humanos. Ironia, não? Um ser tão... egoísta, que pensa somente em si próprio, ou então em dinheiro em poder, ser o topo de uma pirâmide estúpida chamada hierarquia. E o que um humano deste tipo não faria para alcançar seus objetivos? Dividir o mundo em ideologias? Explodir países? Matar inocentes? Colocar países não envolvidos no meio? É, acho que sim... melhor dizendo, certeza.
  Nossa história é manchada de sangue e destruição. Quando somos crianças não pensamos que guerras são tão horríveis a este ponto, mas quando crescemos, quando estamos naquela parte da escola que aprendemos sobre guerras... descobrimos como é tudo isso é tão horrível. Trágico. Egoísta. Sanguinário.
  E quando você descobre as razões de guerras, você sente-se pior ainda. Brigar por território, por poder, por religião, por ideologias diferentes! Que tolice! Será que simplesmente não conseguimos aprender... fixar em nossa mente que apenas terá mais sangue em nosso histórico?! Obviamente haverá o país vencedor, e o perdedor. Mas ambos terão vidas perdidas, ambos terão sangue em seu asfalto todo destruído, ambos conseguirão o que querem. Mas com um custo: centenas de milhares de mortes.
  Hoje, infelizmente, nossa racionalidade está indo pelo ralo. "Dominamos" o mundo pelo simples fatos de sermos racionais, mas será que matar é racional? Criar guerras é racional? E o mais engraçado é que as pessoas que colocaram os países em situações ruins, podem ou não morrer, mas quem irá sentir na pele a dor e destruição, são os civis inocentes. Tudo em busca do poder... o maldito poder, que está se sobrepondo ao amor. Ah, claro, além de racionalidade, falta-nos amor.
  Mas, bem, é o que vários cientistas dizem: podemos não ultrapassar mais cem anos na Terra. E acham mesmo que iremos acabar por eventos naturais? Não, não. Isso pode ser um fator que pode sim nos extinguir, ou ajudar. Nós iremos nos destruir, com guerras. Engraçado, as vezes parece que o egoísmo é mais forte que o amor. Seria tão bom viver em um mundo pacífico, mas isso fica só para nossos mais profundos sonhos, não acho que o humano tenha mais salvação. Estamos perdidos.

"Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus"
-Albert Einstein.