- Hã, o que?- Tyler
perguntou envergonhado. Neste instante, o sinal tocou e seus amigos de
despediram indo embora e me olhando com um olhar um tanto assustado.
- E aí? O que me
diz?- eu perguntei o barrando, pois estava querendo ir para a classe.
- Hã...tenho certeza
de que você não irá gostar de se atrasar no seu primeiro dia de aula
em...ah...dias- ele falou meio embaraçado.
- Me dê uma resposta
ou ficaremos aqui por um bom tempo. Tenho o dia inteiro disponível!- eu falei
já ficando com raiva.
- Okay, okay- ele
disse sem paciência- Mas por que você precisa do número dela ou informações
sobre ela?
- Eu não sei se você
sabe mas...as digitais de Adelle foram encontradas na arma do crime, que
assassinou meu pai! Agnes é filha dela! Eu preciso dar um jeito de encontrá-la!
- Mas o que você vai
fazer?- ele perguntou arrumando os óculos que usava.
- Eu...eu...olha,
quer saber? Isso não é do seu interesse! Só quero saber a resposta!- eu falei
com raiva. Na verdade, estava procurando por vingança, estava decidida a fazer
nada com Agnes, mas sim com Adelle. Ela precisava sentir o gosto da vingança. Ela não deveria
ter feito o que fez.
- Me diga o que vai
fazer, Agnes é minha amiga- Tyler falou com raiva e um tanto assustado também.
- Escute: relaxa,
não farei nada com Agnes. Meu interesse é em Adelle. Ela é filha ent...
- Você está querendo
vingança, não é? Escute, o que isto irá lhe beneficiar...?- ele perguntou
“lendo” meus pensamentos.
- Eu apenas estou
fazendo o trabalho que a polícia não está fazendo. Ela precisa ir para atrás
das grades! E se ela resolver matar mais alguém? E se esse alguém for de sua família ou você?- eu comecei a falar, puxando para o lado mais pessoal. O lado
que machucava: família.
- Promete que não
fará nada com elas?- ele perguntou tentando manter a calma.
- Okay. Só
responda!- eu falei olhando para ele.
- Tá certo! Me fale quando temos de começar, irei lhe ajudar!- ele falou olhando para o chão. Sorri
para ele, então nós saímos da biblioteca. Ele indo para um lado e eu para
outro. Mais precisamente para a aula de literatura.
- Você está
atrasada... Quase dez minutos!- professora falou sem olhar para mim. Apenas de
frente para o quadro escrevendo seja lá o que for.
-
Desculpe...professora- eu falei, não tivera aula de literatura, então não sabia
seu nome.
- Ah, você é Ally
Spinnet, certo?- ela perguntou ao virar para a porta, olhando para mim meio
culpada. Acho que a escola inteira sabia do ocorrido.
- Só Ally- eu falei
entrando na sala e ignorando os olhares que recebia. O único lugar disponível
era um ao lado de Olívia. Teria de sentar lá, mesmo não querendo.
- Olá Ally, o que
achou de suas férias?- ela falou e tom de provocação.
Pensei em dizer algo
para ela, do tipo: “E com quantos garotos ficou neste tempo?”, porém ignorei
essa frase idiota e fiquei quieta, a ignorando. A última coisa que queria era
arrumar confusão com a pessoa errada.
A professora continuou
com a sua aula e explicou que teríamos de ler um livro para depois discutirmos sobre ele. Era sobre um
assassinato. Mesmo que pensara que aquilo poderia ser por minha causa, ninguém
sabia quem assassinou Jorge, mas logo saberiam, os boatos rolam muito rápido.
Bem, seria ótimo para que pudesse ter algo em que “apoiar” para tentar capturar
Adelle. O sinal tocou e outra aula começou, e o dia se passou.
Enquanto ia em
direção a saída da escola, senti alguém tocando em meu ombro e virei
bruscamente assustada. Seria medo de me encontrar com Adelle inesperadamente no
meio do corredor da escola? Não, era apenas...Matt.
- Hã...então, quer
voltar conosco?- ele perguntou meio sem graça. Um pouco mais atrás, Missie e
Carl se aproximavam de mãos dadas.
- Desculpe, eu...
- O que isso irá lhe
custar?- ele perguntou erguendo as sobrancelhas.
- Okay, tudo bem,
irei voltar com vocês- eu falei revirando os olhos.
- Apenas precisamos
achar Tyler. Ele deve estar na frente da escola ou na biblioteca- Matt falou
indo em direção à saída. Eu o segui, assim como o resto da “panelinha-que-estava-incompleta”. Ao sairmos da escola, Haia uma multidão de pessoas e murmúrios para todo o lado. Essa
multidão estava em volta de alguma coisa, meu coração começou a bater mais
forte. Comecei a empurrar as pessoas para ver o que estava acontecendo, sem
olhar para trás para ver se Matt, Carl e Missie estavam me seguindo. Ao chegar
no centro de tudo, vi um corpo caído no chão com sangue ao seu redor. O meu
celular começou a tocar, o peguei e deslizei meu dedo sobre a tela.
- Olá Ally, tudo
bem? Apenas quero comentar que hack é crime!- era a voz de Adelle, pensei em
rastrear aquele número, mas logo os dois primeiros números, lembro-me, eram
diferentes do o de ontem; Adelle desligou o celular. “Hack é crime!”, pensei na frase. Então ao olhar para
o corpo que estava rodeado por alguns professores, percebi que, ao ver uma
brecha, era Tyler, com uma faca em seu peito. Meu coração começou a bater muito
mais rápido do que antes. Ouvi o barulho de sirenes de ambulâncias e carros
policiais se aproximando. Sai da multidão correndo.
- Ei! Ally, o que
está havendo?- perguntou Matt preocupado e me segurando para que não saísse
correndo.
- Eu...e-eu sinto
mu-muito...mesmo- eu disse com lágrimas nos olhos e com a voz fraca.
- Ei, o que está
havendo?- Carl perguntou também.
- T-tyler...o
corpo...sangue e...- eu gaguejei. Não conseguia formar a frase. De novo. Os
olhos deles foram tomados pelo horror, Carl e Missie adentraram na multidão
para ver e era verdade. Matt ficou comigo tentando me acalmar. Senti algo
batendo em minha cabeça e caindo. Olhei para trás e depois para o chão. Lá
estava uma bolinha de papel. Abaixei e a peguei, comecei a abrir o papel com
medo do que estaria escrito lá. Ao terminar de abrir, o papel estava amassado
e, nele, estava desenhado um garotinho gorducho, baixinho e de óculos. Em sua
blusa estava escrito em uma letra miúda: “HACKER NOJENTO!”; em cima do garoto,
que deduzi ser Tyler, estava escrito: “1-1. Quais ama.”
- Ei, o que é?- Matt
perguntou olhando em meus olhos.
- Aqui- eu disse
entregando o papel para ele. Ao terminar de analisar o desenho, seu rosto
perdeu a cor- Foi o mesmo que recebi ontem, com a mesma frase: “1-1. Quais ama.”
- Ei, Ally, devemos
levar isso à polícia! Isso é algo realmente sério!- ele falou erguendo a mão em
que estava o papel. Sua voz estava fraca.
- Eu...eu também
acho- eu murmurei. No mesmo momento, meu celular vibrou. Tirei ele do meu
bolso, novamente, e havia uma nova mensagem. Número desconhecido. Deslizei o
dedo sob a notificação da mensagem e a li:
Número desconhecido: Se fosse você, querida Ally, não
levaria isso à polícia. A não ser que queira seus amiguinhos mortos.
Eu: O que você quer de mim?!
Número desconhecido: A pergunta seria o que quero lhe dar
Ally...!
Eu: E o que é...?!
Número desconhecido: Desespero e desgraça!!
Mostrei a mensagem a
Matt. Ele leu espantado.
- Não acha que
também deveríamos mostrar isso a polícia?- ele perguntou ainda aterrorizado e
com a voz fraca e baixa.
- Não! Eu não quero
ver mais sangue ou corpos mortos! Você não leu?- eu perguntei um tanto
irritada.
- Ah...mãe de Tyler-
Matt disse desviando do assunto e olhando adiante. Olhei para onde seus olhos estavam
direcionados. Uma mulher alta e magra chorava desesperadamente sobre uma maca
que estava sendo levada para dentro da ambulância.
- Você não quer ir
para o hospital descobrir o que vai acontecer com Tyler?- eu murmurei ainda
olhando para a cena.
- Eu...eu vou- ele
falou tristemente. Me devolveu o papel e foi em direção a Missie e Carl. Ela
chorava enquanto Carl a abraçava, quem sabe para amenizar a dor de perder um
amigo. Dei uma última olhada para tudo e sai dos “domínios” da escola, indo para o abrigo. Peguei o celular e salvei o número desconhecido como “Adelle”. Mesmo
que ela sempre mudasse o contato, o número poderia me levar ao local em que
estava escondida, para então resolver o que fazer com ela. Ela matara Jorge
sabe-se lá o porquê; Tyler porque iria me ajudar a hackear sua localização ou
coisas do tipo. Quem mais poderia assassinar? E a polícia ainda duvidara se ela
realmente matara Jorge. Apressei o passo com medo, estava muito exposta. Ela
sempre dá um jeito de acompanhar todos os passos, ou seja, tenho de dar um
jeito de dar passos falsos para que ela os acompanhe, então ficarei a frente, e
então realizarei a vingança.
O celular começou a
vibrar, meu coração começou a bater rápido. Parei bruscamente no meio da
calçada e peguei o celular que guardara em meu bolso. Era Matt.
- Então, já sabe
alguma coisa sobre Tyler?- eu perguntei com a voz fraca.
- Ally, a mãe de
Tyler foi tirada à força da ambulância enquanto estava em movimento. Por pouco uma
viatura não a atropelou, estou indo para o hospital para ver como ela está-
ele falou com a voz acelerada e tensa.
- Espere, e enquanto
a Tyler?- eu perguntei confusa e assustada.
- Não sabemos de
nada- ele continuou- Estávamos logo atrás das viaturas e conseguimos ver um
pouco. Parece que os médicos que estavam na ambulância roubaram a vã junto com
Tyler dentro.