segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

De cabeça para baixo, capitulo 1

Bom, por onde começar...é claro: pelo meu nome! Primeiro as apresentações: meu nome é Ally Spinnet, não tenho pais, mas tenho alguém que posso considerar minha família: Jorge Spinnet; ele é como um pai para mim, quer dizer, ele é, porém adotivo. Quando eu era pequena, com apenas 3 meses de vida, fui abandonada num orfanato, aos 5 anos, fugi, não aguentava mais aquelas pessoas estranhas tirando sarro de mim, então...quando estava andando pela rua, esbarrei com Jorge, pedi desculpas e acabamos conversando e contei minha história pequena e entediante, ele me adotou, e passou a cuidar de mim, eu realmente gostava dele.
No início morávamos em Nova Iorque, por conta de emprego, Jorge (sempre o chamava assim),e eu viemos parar aqui em Hilston!
Nos mudamos ontem mesmo, e meu último dia de férias é amanhã, como cheguei a noite, teremos de passar por todo o processo de decorar a casa e organiza-la. Como é uma cidade com 10 horas de viagem de carro, tivemos de vir de avião, ou seja, não podemos trazer quase nada. Então vamos organiza-la no dia que estaremos de folga, que no caso é amanhã. 
trimmmmmmmmmmmmmmm!!!!!
O dia começou, com o famoso barulho do despertador. Me levantei do colchão (ainda não tinha cama) com muita má vontade, pois era meu último dia de férias, e desci para tomar café da manhã. Quando desci, o balcão estava "enfeitado" com a comida, e havia um bilhete na geladeira de Jorge, pedindo para que eu me arrumasse e me encontrasse em uma loja de móveis, que era lá onde ele estava. Ao terminar de tomar café da manhã, fui até meu quarto para começar a me arrumar. Depois de tomar banho e colocar um vestido azul básico, peguei minhas coisas e sai de casa. Eu não conhecia nada lá, porém Jorge havia deixado as "coordenadas" para me encontrar com ele. Depois de meia hora caminhando e pedindo informação as pessoas, cheguei a loja, me encontrei com Jorge, e fizemos as compras. Depois de longas 3 horas na loja (Jorge havia ficado quase 5), chegamos em casa, com um caminhão com algumas coisas, como sofá, mesa, cadeiras e etc.
  Depois de um tempinho organizando os móveis apenas, começamos com a decoração. E Jorge resolveu puxar assunto:
  - Está gostando da cidade?- ele perguntou colocando um quadro nosso em cima de uma "prateleira" logo ao lado da TV. 
  - Sim... Quero dizer, não tinha muito o que sentir falta de Nova Iorque, apenas as lojas e o Central Park- eu disse pegando algumas sacolas e subindo para arrumar meu quarto quando finalmente terminamos de ajeitar a cozinha e a sala.
  - Vou pedir uma pizza!- ele disse pegando o telefone. 
  Depois de meia hora a pizza chegou, comemos e conversamos um pouco sobre o novo emprego de Jorge e sobre a cidade nova. Quando terminamos, subi para o meu quarto que era o único lugar que faltava ser arrumado. Depois de arruma-lo, tomei um banho e fui dormir. Amanhã seria um longo dia na escola nova. 



Acordei com o barulho do despertador as sete da manhã, e muito bem disposta, para falar a verdade. Após me arrumar, desci até a cozinha para tomar café da manhã, e Jorge estava lá, cozinhando suas deliciosas panquecas. 
  - Bom dia!- ele disse sorrindo alegremente.
  - Bom dia!- eu repeti, também sorrindo. 
  - Seguinte: é melhor se apressar, não quero que se atrase no primeiro dia de aula! E por favor, nada de garotos! 
  - Calma, nada de garotos, já decorei, você fala isso o tempo todo...
  - Só não quero perder minha filha- ele disse sério.
  - Nunca irá acontecer!- eu disse o abraçando. 
  Depois que terminei meu café da manhã, fui até o meu quarto e peguei minha mochila e caminhei em direção à porta. 
  - Tenha um bom dia!- disse a Jorge abrindo a porta.
  - Espere!- ele disse pegando algo no bolso andando em minha direção, e me entregando o objeto. Era uma chave de carro- Faça um ótimo uso e não diga que não precisava, você merece. 
  Dei um longo abraço nele e agradeci umas três vezes. Depois de Jorge me soltar falando que eu poderia me atrasar, fui até a garagem e vi qual carro era: uma picape azul meio antiga. Diferente de muitos adolescentes que são presenteados com carros pelos pais, eu não fiquei triste com a simplicidade do carro, muito pelo contrário, adorei. Entrei na picape, a liguei e comecei a dirigir, com muito cuidado, óbvio, pois não iria querer bater meu carro no primeiro dia que o ganhara. Liguei o GPS do meu celular e comecei a seguir o caminho que ele mandava. Depois de mais ou menos vinte minutos, cheguei a escola. 
  Com facilidade, achara uma vaga, ao lado de uma Ferrari vermelha, ainda por cima, não estava escrito que era vaga de professores. Me senti confusa e logo pensei como alguém em sã consciência daria uma Ferrari para um aluno do colegial. Sai da picape a caminhei em direção a escola, agora pensando no tipo de pessoas que teria por lá. 
  Fui até a secretaria pegar meus horários e a chave do armário. Depois de depositar meus livros no armário, comecei a procurar a biblioteca, para ver os livros que haviam lá. Mas no meio do caminho vi um grupinho de adolescentes tirando sarro de um garoto que aparentava ter 14 anos. 
  - Ele é tão minusculo que serve de mesa para apoiar os pés em minha sala- disse garoto alto e moreno. 
  - Se é tão esperto como dizem, por que não está na faculdade, nerd?- um garoto alto e loiro disse em meio as gargalhadas, enquanto umas garotas também riam. Não gostava de ver pessoas debochando de outras, por mais que não conhece. Eu pensei não vá lá, mas minhas pernas pensaram diferente, e foram em direção ao grupo que estava tirando sarro dele. 
  - Por que estão falando com ele dessa maneira?- droga, eu pensei, tarde demais.
  - Olha, a novata pensa que pode falar assim conosco!- o loiro disse ainda sorrindo da situação, provavelmente.
  - Sabiam que bocas cheias, geralmente possuem mentes vazias, e bocas vazias possuem mentes cheias?- eu falei me lembrando do que Jorge falara para mim quando eu reclamei pela primeira vez dos meninos bobocas do orfanato. 
  - Deve ser por essa razão que está falando tanto!- o moreno disse rindo. 
  - Agora!- o garoto de 14 anos gritou, no início não entendi, mas depois senti algo líquido e frio caindo em minha pele, quando olhei para trás, uma menina de cabelo liso e preto estava segurando um balde de tinta em suas mãos. Todos que estavam no corredor começaram a rir, alguns olharam com profundo desprezo e continuaram andando. Olhei em volta com muita raiva e corri em direção ao banheiro feminino, ou do que eu pensava que havia visto com a placa dizendo "Feminino" colada em uma porta. Como pude ser tão tola a ponto de querer me intrometer naquela conversa? Aquele garotinho que eu estava defendendo estava fazendo parte disso!
Comecei a tentar remover a tinta com água, mas não saia. Então sai do banheiro me lembrando das roupas reservas que deixara no armário. Muitos começaram a rir de mim, mas Jorge sempre me dizia para em todas as situações como essa, que era para eu manter a cabeça erguida. Peguei as roupas e comecei a andar em direção ao banheiro novamente, até ouvir alguém gritando:
  - Não vai chamar a mamãe para defender? 
  Ignorei o comentário e continuei andando, depois de me trocar e passar um pano molhado nos meus braços e rosto, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo. Ele estava completamente cor de rosa. 
Ao ouvir o sinal tocar, peguei meus livros e fui correndo em direção a sala de aula (matemática). Infelizmente havia me atrasado um pouco, pois não sabia onde ficavam as salas corretas.
- Você é a aluna nova? Ally, certo?- o professor me perguntou quando apareci na porta da sala de aula, olhando confuso para meu cabelo- Por que está atrasada? 
- Um pequeno incidente envolvendo tinta, e o fato de eu não saber onde sua sala ficava- eu disse calma. 
 Ele suspirou e me entregou um giz, pedindo para que eu resolvesse uma equação no quadro. 
- Vamos dar as honras a aluna nova, não é?- ele falou se sentando em sua cadeira e olhando para mim e para o quadro. Olhei para ele, suspirei, e comecei a resolver. Era grande, mas não complicada; depois de um curto tempo, ele suspirou também, e estranhou por eu ter a resolvido rápido. Ele pediu para eu me sentar, arranjei um lugar na frente (a maioria das pessoas estavam no fundo), e colocou um enorme "certo" na lousa. 
Então as aulas foram passando e passando, até que o último sinal bateu. Peguei meus livros e enfiei na mochila suja de tinta, fui até o estacionamento e entrei em meu carro. Em seguida, sai da escola, pensando no que Jorge faria se me visse com esse cabelo e se soubesse de toda aquela situação. Depois de rápidos vinte minutos, cheguei em casa. Quando sai do carro, vi que na casa ao lado, uma Ferrari vermelha exatamente igual a que eu vira na escola estacionou, e quando vi quem era seu dono e quem era o meu vizinho, pensei que só poderia ser brincadeira.